Fragmentos bíblicos encontrados em Israel são a mais importante descoberta dos últimos 60 anos
Mundo cristão
Publicado em 17/03/2021

Escritos contêm porções dos doze profetas menores, em particular Zacarias e Naum

 

Descoberta arqueológica de manuscritos bíblicos já é considerada a mais impressionante dos últimos 60 anos. No Deserto de Judá, território que se estende entre o Estado de Israel e a Cisjordânia, graças a uma complexa operação de escavação conduzida pela Israel Antiquities Authority, ("Autoridade de Antiguidades de Israel"), foram descobertos novos fragmentos de manuscritos bíblicos que datam de 2 mil anos. Trata-se de escritos principalmente em grego e contêm fragmentos dos doze profetas menores, em particular Zacarias e Naum.

A operação também revelou um esconderijo de moedas raras da época de Bar-Kokhba, o líder judeu que entre 132 e 135 d.C. liderou a revolta contra os romanos; um esqueleto de criança de 6 mil anos, provavelmente do sexo feminino, envolto em um pano e mumificado; e uma grande cesta intacta que remonta há 10.500 anos, provavelmente a mais antiga do mundo.

Trata-se de uma parte deste rico patrimônio depositado nas cavernas do deserto de Judá durante as grandes revoltas anti-romanas do povo judeu. O Vatican News ouviu a opinião de Marcello Fidanzio, professor de Ambiente Bíblico da Faculdade de Teologia de Lugano e Diretor do Instituto de Arqueologia e Cultura das Terras Bíblicas, sobre a extensão desta sensacional descoberta.

Durante as duas revoltas - explica Fidanzio - "alguns refugiados encontraram abrigo nas cavernas, porque eram perseguidos pelos romanos. No caso específico, estamos nos referindo a uma caverna com um nome dramático, chamada Caverna dos Horrores”.

É um patrimônio que ninguém imaginava que pudesse existir, “uma nova página na história das escavações arqueológicas”. Agora os envolvidos nos trabalhos se perguntam se esta é a última etapa de uma série de descobertas ou é um indicador de novas possibilidades a serem investigadas.

“Por isso, naturalmente, interessa muito a nós, apaixonados pela Bíblia - confessa Fidanzio - mas também interessa muito aos israelenses, que destacam como essas pesquisas estão ligadas à sua identidade, à história de sua presença na terra de Israel. Não sem razão, portanto, a Autoridade de Antiguidades de Israel deu ênfase especial à campanha de escavações.” “Essas descobertas nos introduzem em um momento histórico extremamente fascinante: aquele em que a Bíblia encontra sua forma, se constitui”. Entre as tantas características advindas do estudo dos fragmentos, emerge um detalhe: no texto grego as quatro letras impronunciávéis do nome de Deus são escritas na língua paleo-hebraica, a antiga escrita que era usada na época do Primeiro Templo (até 586 a.C).

“Já havia naquela época, como nos pergaminhos usados na época de Jesus, um grande respeito pelo Nome de Deus, que não era pronunciado. Escrevê-lo fazendo recurso a outro alfabeto - conclui Fidanzio - é uma estratégia do escriba que visa induzir o leitor a concentrar a atenção nessas letras. Ou seja, é um ponto do texto que exige grande respeito e sacralidade”.

 

Fonte e imagem: Vatican News Service.Po.

 

27/03/2021

 

Comentários
Comentário enviado com sucesso!